A matéria saiu no jornal baiano, a TRIBUNA DA BAHIA, onde a protetora Ruth Nunes deu uma entrevista, sobre a situação de Salvador ter 100 mil animais abandonados nas ruas da cidade.
Na ocasião, foi citado o caso de "Sultão" como exemplo do descaso por uma situação que merece toda atenção do Poder Público.
Peço perdão a todos pela demora da postagem, mas "sultão" está tomando muito tempo da gente para recuperá-lo. Lembro ainda que as doações devem continuar, pois seu caminho ainda é longo... A seguir a matéria na íntegra:
TRIBUNA DA BAHIA: Editorial Cidade
Salvador tem 100 mil animais nas ruas
Reportagem: Roberta Cerqueira
Cães e gatos abandonados, feridos e muitas vezes à beira da morte nas ruas da capital baiana fazem parte da rotina dos soteropolitanos, porém a cena não deixa de sensibilizar quem vive na cidade e luta em favor dos animais. Organizações não-governamentais calculam que existam mais de 100 mil animais nas ruas de Salvador e outras centenas em abrigos superlotados.
Membro da União de Proteção Animal de Salvador (Upas), Ruth Nunes atendeu ao pedido de uma amiga e recolheu um pastor alemão que havia acabado de sofrer um atropelo. Batizado de “Sultão”, o animal não se mexe da cintura para baixo, tem inflamação nos olhos e não responde a estímulos nas patas traseiras. Suspeita-se de lesão na coluna.
A entidade da qual ela faz parte não tem condições de abrigar animais. Eles são encaminhados para clínicas veterinárias parceiras da instituição, onde são vacinados, vermifugados e em seguida levados para abrigos temporários, onde permanecem até que alguém aceite adotá-los.
“Esse é um caso muito delicado, pois o animal necessita de exames de raios-X, ultrassonografia abdominal, para investigar a extensão do comprometimento dos órgãos internos, como bacia, coluna e medula e provavelmente vai precisar de uma cirurgia e nós não temos condições de custear tudo isso”, conta ela, que solicita doações para ajudar o animal. Cada raio-x custa, em média, R$ 80 e a ultrassom, R$ 120.
Casos como o de “Sultão” são mais comuns do que parecem, segundo a advogada Petruska Barreiro, diretora-presidente da Associação Brasileira de Proteção Animal (ABPA) seção Bahia.
Com capacidade para 350 animais – sendo 250 cães e 100 gatos – o Abrigo São Francisco de Assis, administrado pela ABPA, tem hoje mais de 500 animais (331 cães e 180 gatos), a maioria vítima de maustratos, abandono e atropelo. “Não temos mais espaço para abrigar nenhum animal. Mesmo assim, eu recebo todos os dias mais de 30 ligações de pessoas que querem se desfazer dos seus bichos ou denunciar alguma situação de mautrato”, conta.
Através de um convênio com a prefeitura de Salvador, a ABPA castra entre 80 e 100 animais por mês. As demais despesas são pagas através de doações dos associados da entidade. “Nós gostaríamos, mas não temos condições de atender a todos, pois não dispomos de verba para tanto”, lembra.
ZOONOZES - De acordo com Marcelo Medrado, subcoordenador do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a prefeitura realiza atualmente cerca de 250 castrações por mês, porém os animais devem ser acompanhados por uma pessoa que se responsabilize pelo pós-operatório.
“Os machos levam cerca de sete dias para se recuperar e as fêmeas, 15 dias. Ambos demandam cuidados especiais nesse período. Não temos como nos responsabilizar por isso”, explica.
A ausência de uma legislação que obrigue o poder público a dar maior atenção a esses animais, segundo ele, dificulta a captação de verbas destinadas para esse fim. “O que podemos fazer é a castração, para evitar que mais animais caiam nas ruas e sofram”, diz.
Medrado reforça que uma cadela tem, em média, dois cios por ano e pode gerar até 24 filhotes nesse período, enquanto os gatos têm até quatro cios e chegam a gerar 30 filhotes, porém, nas ruas, apenas 10% desses sobrevivem.
“Nós fazemos um trabalho de conscientização de guarda responsável, para que as pessoas entendam a importância de cuidar de um animal, mas muita gente pega o animal para criar e depois acaba desistindo, porque acha trabalhoso ou vai mudar de cidade e larga o bicho na rua”, diz.
Para a advogada Ana Rita Tavares, voluntária da ONG Terra Verde Viva, o número de animais castrados pela prefeitura não corresponde nem a 10% da necessidade da capital. “Temos mais de 100 mil animais nas ruas de Salvador, 250 animais castrados a cada mês é o mesmo que uma gota no oceano, sem contar que a maioria que precisa de castração é de comunidades pobres de Salvador, animais de pessoas que mal têm dinheiro para comer. Como vão levar um cão até uma clínica na Pituba?”, questiona.
CASTRAÇÃO - A criação de um centro de castração é o caminho para solucionar o problema, segundo Tavares. “O que vemos nas ruas de Salvador é um desrespeito ao meio ambiente, à saúde humana e ao ser humano, que também sofre com o sofrimento desses pobres animais”, denuncia ela.
Conforme um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre prefeitura de Salvador e Ministério Público, a gestão municipal deveria, além de promover a castração em massa e a educação para a guarda responsável, identificar animais de rua e domiciliares com microchips, entre outros itens de um total de 32 previstos no TAC.
Com apoio do Governo do Estado, a Célula Mãe chega a castrar 350 animais, por mês. “Se não fosse essa verba, conseguiríamos, com muito custo, fazer cerca de 100 cirurgias ao mês”, lembra Ivana Moura, que faz parte da comissão administrativa da entidade sem fins lucrativos.
A instituição dispõe de um espaço para abrigar apenas 20 animais recém-operados o que dificulta a realização de mais procedimentos. “A demanda é tão grande que acabamos levando algum animal para nossas casas”, conta.
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