COLUNA PAPO VETERINÁRIO


ESTRÉIA: Coluna PAPO VETERINÁRIO
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Estamos estreando mais uma coluna. A coluna “PAPO VETERINÁRIO” de Jorge Felipe Hardt, outra pessoa preocupada com a saúde dos animais. Sua coluna vai retratar o mundo veterinário e a sua grande ajudar aos animais, assim como, seus donos, pessoas que na hora do sufoco ficam totalmente perdidas sem saber o que fazer.
Já de início, sua coluna vai abordar a preocupação com cães e gatos no que diz respeito aos primeiros socorros. Como proceder corretamente para não ocasionar nenhuma situação inesperada, sem deixar seu bicho de estimação em uma situação muito difícil ou gravíssima, dependendo do caso.
Leiam e façam bom proveito.
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Primeiros socorros para Cães e Gatos
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Sabemos que cães sempre estão farejando uma novidade, uma brincadeira, que por mais ingênua que pareça pode lhes custar à vida. A grande maioria do acidentes poderia ser evitada, porém, quando eles ocorrem, alguns conhecimentos simples podem diminuir o sofrimento, evitar complicações futuras e até mesmo salvar vidas. O fundamental é saber que, em situações de emergência, deve-se manter a calma e proceder de forma racional e objetiva. Não possuo experiência suficiente para dar conselhos de próprio punho sobre cuidados emergenciais em casos de acidentes com animais, pois ainda sou acadêmico, por isso essas dicas baseiam-se em artigos e informativos com dicas de veterinários da área clínica que de uma forma resumida disponho à leitura para vocês.
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Prestando os Primeiros Socorros
Tecnicamente é aplicada uma sistematização de atendimento proveniente da medicina humana. Chamada de ABCD é uma sigla que traduzida do inglês para português significa os 4 passos necessários para o suporte básico à vida que compreendem a função correta das vias aéreas, a respiração, a circulação sanguínea e o uso de medicamentos, respectivamente. Bom, passando a parte teórica, na prática para o proprietário esse suporte compreende principalmente verificar se o animal esta respirando, se há alguma obstrução bucal ou na glote e retirar o que origina tal obstrução. Alguns dos passos do suporte básico só podem ser feitos com estrutura hospitalar, por ex. pode ser necessário entubar o animal (Uma sonda para facilitar acesso de oxigênio aos pulmões), portando faz-se necessária e importante a participação de um veterinário.
Para o transporte seguro do animal acidentado aconselha-se que o animal seja colocado em ambiente arejado, os vidros do carro devem ser mantidos abertos, exceto em dias de muito frio. “Tentar pegar e mantê-lo na mesma posição que foi encontrado é o melhor a ser feito, mas com dor o animal pode não colaborar”.
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Estado de Choque
Durante a prestação dos primeiros socorros é importante observar se o animal está entrando em estado de choque. Alguns sinais físicos podem ser facilmente detectados, como:
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1. Diminuição na consciência, ou seja, não responde a estímulos;
2. Prostração e fraqueza, não consegue permanecer em pé;
3. Gengivas Brancas ou pouco coradas;
4. Mucosas oculares pálidas;
5. Temperatura corpórea baixa, com extremidades frias;
6. Frequência respiratória e cardíaca aceleradas.
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Ao serem identificados alguns dos sintomas do estado de choque, o animal precisa ser levado com urgência ao veterinário mais próximo. Durante o transporte manter o animal na horizontal, com a cabeça esticada e abaixo do corpo, sempre envolto por um cobertor, para mantê-lo aquecido. Nestes casos oferecer alimento ou bebida é proibido.
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Vítima de atropelamento
A Abordagem de animais traumatizados por acidentes envolvendo automóveis ou quedas deve ser sempre muito cuidadosa, já que se deve levar em conta a possibilidade de lesões medulares por traumas em coluna vertebral, como fraturas, luxações ou hérnias de disco. Sendo assim, sugere-se, sempre que for possível, o transporte do animal sobre plataformas de madeira ou outro material rígido, a fim de que haja mínima movimentação das áreas acometidas.
No momento do socorro é importante lembrar que o animal está assustado e sente muita dor, por isso a calma é fundamental para contê-lo.
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Intoxicação
A Abordagem de um animal intoxicado irá depender do tipo de substância ingerida e do estágio da intoxicação (Apenas vômitos, ou sinais neurológicos). O primeiro procedimento sempre deverá ser o contato telefônico com o médico veterinário, já que, na dependência do tipo de substância ingerida, poderá ser realizada expectativa com relação aos sintomas específicos, sem maiores preocupações. A indução do vômito não é recomendada, pois substâncias com caráter corrosivo podem ocasionar lesões como esofagites durante o refluxo. No caso de produtos químicos o rótulo deverá ser apresentado durante a consulta, uma vez que algumas substâncias químicas exigem manejo hospitalar específico. A observação constante do animal é fundamental, afinal nem toda substância tóxica causa reação imediata.
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Ingestão de Vidro ou objeto cortante
Objetos pontiagudos ou cortantes podem provocar perfurações internas, por isso a ingestão acidental requer atendimento imediato. Especificamente nos gatos, que adoram brincar com fios, linhas, a ingestão acidental causa pregueamento nos intestinos, e só uma cirurgia emergencial pode reverter o quadro. Diante deste quadro jamais ofereça alimentos ou líquidos, pois a ingestão poderá potencializar o estímulo do vômito, ocasionando algumas vezes, lesões esofágicas mais graves.
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Engasgamento com brinquedos, ossinhos ou outros objetos
Ao perceber que o animal está com algum objeto preso na garganta a primeira providência é abrir a boca para tentar retira-lo com cuidado, principalmente se o quadro apresentar sinais de sufocamento O animal pode estar agressivo nessas situações, devido angústia respiratória. Se for possível, deve-se inspecionar a cavidade oral do animal, já que alguns objetos podem ser facilmente removidos. Nunca provocar o vômito, mesmo em casos de ingestão de ossinhos próprios para pets, devido à possibilidade de perfuração ou ruptura de esôfago e risco de óbito, e sempre procurar o mais rápido possível um veterinário.
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Envenenamento
Vômitos, hemorragias, tremores, salivação intensa, alteração nas pupilas, dor abdominal e convulsões, são alguns dos sintomas de envenenamento, que variam dependendo do tipo de veneno, da quantidade ingerida e do tamanho do animal. “Nos casos de picadas de cobras, dependendo do tipo da peçonha da cobra varia a ação do veneno. Os sintomas desde sinais neurológicos até necrose local. Tome providências imediatamente, pois a demora no atendimento pode ser fatal”. [A região atingida deve ser lavada com água corrente fria e o animal deve ser levado rapidamente para o hospital veterinário onde irá receber o soro antiofídico, além de outros procedimentos de suporte.]
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Hemorragia
Para estancar o sangramento e evitar a formação de coágulo é recomendado aplicar pressão direta no ferimento, com auxílio de um pano limpo. Mas evite torniquetes, pois podem comprometer a circulação. Outra opção é utilizar bandagem com faixa no local do ferimento, aplicando uma leve pressão.
Em casos de hemorragias provenientes do trauma de grandes vasos sanguíneos deverão ser corrigidos através de suturas e procedimentos cirúrgicos, requer atendimento profissional.
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Queimaduras
Produtos químicos, choques elétricos e o próprio calor podem provocar queimaduras. O primeiro procedimento é realizar com bastante cuidado a lavagem a região com água fria. Outro procedimento caseiro emergencial é realizar ataduras com substâncias umectantes, como pomadas ou mesmo clara de ovo. Evite aplicar gelo na região, uma vez que temperaturas muito baixas também podem provocar ou piorar lesões cutâneas já existentes. Uma vez realizado os procedimentos iniciais, o próximo passo é procurar socorro imediatamente, pois o animal corre o risco de desidratar.
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Conclusão:
Essas foram dicas que podem facilitar a sobrevivência do seu cão ou gato em situações de emergência comuns, obviamente ninguém deseja que isso aconteça, mas sabemos que o intuito curioso e a hiperatividade de alguns animais aumentam a probabilidade de acidentes.
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Jorge Felipe Hardt