CRONICA DO MÊS






A RESPONSABILIDADE É DE QUEM?

Nessa sexta-feira, precisei dar uma assistência – um atropelamento nas imediações do Shopping Iguatemi – ao animal de rua, que me fez deparar filosoficamente com a seguinte questão: A responsabilidade é de quem?

Tudo teve início quando recebi um telefone pedindo ajuda para retirar o cachorro da via pública. Não tenho dúvida que ele seria atropelado pela segunda vez e certamente morreria de uma forma muito desumana. Assim, tratei logo de agir para resolver o problema e o que eu pude fazer como protetor animal, na medida do possível, foi feito.

A minha responsabilidade foi arranjar uma clínica para os cuidados iniciais com o cão atropelado. Pois bem, mobilizei uma colega também protetora mais experiente nesses assuntos, e ela, não mediu esforços em providenciar um veterinário que pudesse examiná-lo e daí por diante, começasse realmente tirar o animal do sofrimento que se encontrava. Depois da consulta surgiu a necessidade de ser fazer uma radiografia – poderia está com a bacia e/ou a coluna quebrada (sem mobilidade nas patas detrás) e uma ultrassonografia, pois a bexiga estava comprometida e havia suspeita que também outros órgãos estariam afetados. Até aí estava tudo nos conformes da solução do problema, mas apareceu um pequeno dilema (ao precisar autorizar os procedimentos): A responsabilidade é de quem?

O primeiro questionamento foi: Por ser um animal de rua – esse triste rótulo descriminante, o coitado estaria sem um ser vivente que tomasse seus cuidados, ou seja, ninguém se responsabiliza por ele. O que conta é tirá-lo do meio do caminho, como se fosse um objeto qualquer, estando empatando a circulação das pessoas pela cidade. Ser de rua é não ser nada!

Depois, a responsabilidade pesa sobre quem? Quem se envolveu pelo sentimento humano e procura no primeiro momento, resolver – tirando o animal do sofrimento ou quem no segundo momento, prestou ajuda? Nesse caso, o pessoal (a ambulância da Trans-Salvador) que tirou o cão acidentado do local e levou pra clínica, é o grande responsável pelo atendimento médico, como defendeu meu colega que a princípio ligou pedindo ajuda, de uma forma equivocada.

Eu entendo como protetor, que quem procura ajudar ou se manifesta em providenciar de imediato tirar qualquer animal do sufoco é responsável sim! E esse colega (ou o pessoal que viu com ele) que me ligou – pra solucionar o atropelo do animal é quem deveria ser responsável pelo cão. Não custava nada autorizar, para agilizar no socorro e depois se via (como geralmente acontece no meio dos protetores) o pagamento por “vaquinha” das despesas. A vida do animal é importante, tanto quanto livrá-lo da morte.

Por mais argumentos que esse colega teve pra justificar a não obrigação sob as suas costas, não isenta da sua parcela de responsabilidade. Alias, somos todos responsáveis, ou melhor, sabemos exatamente da nossa porcentagem nessa ajuda coletiva. A dele por ter tido o primeiro contato e a gente que se mobilizou em salvar uma vida animal.

Outra coisa: Pelo fato de sermos protetores não significa que temos a missão de sermos eternos responsáveis por qualquer que seja o animal. O que diferencia de nós e os outros é justamente a questão do sentimento humano, do sentido caridoso e da imensa gratidão. Dentro do campo da psicologia, é a afetividade dentro das nossas relações com os indivíduos. Nesse caso, a que temos por um ser humano inocente e indefeso, como um simples animal de rua.

O que desejamos e esperamos dessa galera “protetora de verniz” é que deixem de fazer a coisa pela metade, numa atitude capenga e não repassem a responsabilidade total e absoluta para os protetores. Saibam: O título de protetor animal é dado quando você, num simples gesto, tipo: viu e sentiu, veio a providenciar livrar o animal de um destino ingrato seja ele qual for.

Mas vale uma pessoa sensibilizada e que não mede esforço, se responsabilizando sem pensar friamente, do que aquele que sinaliza o ocorrido, mas não quer envolvimento nenhum, entenda: Me refiro ao um envolvimento correto. Ou seja, quer leva a medalha pelo gesto sem suar a camisa. Assim é fácil ser protetor...

A seguir, na seção "CARTEIRO VIRTUAL" vem o pedido de ajuda do cachorro citado nesta crõnica. Aquele que froi atropelado nas imediações do shopping Iguatemi.

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